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Coleção leva conhecimento científico ao público infanto-juvenil

 

A Rede de pesquisa Girinos do Brasil, coordenada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de São José do Rio Preto (SP), acaba de lançar a Coleção Girinos do Brasil. Nos seis livros da coleção, crianças e adolescentes podem aprender mais sobre a diversidade dos girinos, ou seja, as larvas dos anuros (sapos, rãs e pererecas). A coletânea é fruto de uma grande base de dados sobre girinos produzida no âmbito do projeto "Girinos de anuros da Mata Atlântica, da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e de Zonas de Transição: caracterização morfológica, distribuição espacial e padrões de diversidade".

 

Liderada pela bióloga Denise de Cerqueira Rossa-Feres, professora da UNESP, doutora em Ciências Biológicas - Zoologia pela mesma Instituição, a Rede Girinos do Brasil teve abrangência nacional e foi financiada no âmbito do Edital MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT-Ação Transversal/FAPs nº 47/2010 - SISBIOTA Brasil.

 

Segundo a pesquisadora, bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a base de dados que deu origem à coleção compreende a caracterização morfológica e informações padronizadas sobre bioma, habitat e microhabitat de girinos de mais de 200 espécies.

 

"Os girinos foram obtidos em 1.127 corpos d'água, distribuídos em cinco diferentes biomas, zonas de transição e formações vegetais associadas. É a maior base de dados, obtida com amostragens padronizadas, que se tem conhecimento para um grupo taxonômico", afirma Rossa-Feres, acrescentando que o conhecimento produzido pela Rede Girinos do Brasil vai ao encontro das Metas Nacionais da Biodiversidade, em especial a Meta 19, que estabelece ampliação e compartilhamento até 2020 de bases científicas e tecnologias necessárias para o conhecimento sobre biodiversidade, valores, funcionamento e tendências, e também as consequências de sua perda.

 

A Coleção Girinos do Brasil, por sua vez, amplia a divulgação do conhecimento para outros públicos e atende, de modo especial, à meta 1, relacionada à sensibilização da sociedade sobre os valores da biodiversidade. "Essa meta estabelece que, até 2020, no mais tardar, a população brasileira tenha conhecimento dos valores da biodiversidade e das medidas que poderá tomar para conservá-la e utilizá-la de forma sustentável. Esta coleção é um material de educação e de divulgação científica que pode contribuir para informar e sensibilizar o público em geral", diz Rossa-Feres. Ela divide a autoria dos livros com 13 pesquisadores de outras 10 universidades brasileiras, responsáveis por desenvolver o projeto nos diferentes biomas brasileiros.

 

"Divulgar o conhecimento sempre foi muito importante e necessário, mas o atual cenário brasileiro e mundial, com pessoas acreditando que a Terra é plana e que vacinas não são necessárias, evidencia a urgência em incrementar exponencialmente a divulgação científica de qualidade para o público externo à academia. Divulgar ciência para crianças e jovens, além de contribuir para a formação de cidadãos bem informados e conscientes, é um processo com grande capilaridade, pois as crianças transmitem a informação e valores associados aos parentes e às pessoas com quem tem contato", acredita Rossa-Feres.

 

Nesse contexto, ela diz considerar a coleção - desenvolvida sob a coordenação competente da Flávia Pereira Lima, docente da UFG e especialista em divulgação científica para crianças e jovens, "um dos principais produtos do projeto SISBIOTA: Girinos do Brasil".

 

Criado pelo CNPq em 2009, o Programa Sistema Nacional de Pesquisa em SISBIOTA BRASIL Biodiversidade - - tem o desafio de alcançar novos patamares para a pesquisa sobre a biodiversidade brasileira. O objetivo é ampliar a competência técnico-científica e a abrangência temática e geográfica das pesquisas em biodiversidade no Brasil incrementando a capacidade nacional de gerar conhecimento em escala e de modo mais convergente e articulado, com maior aporte de recursos para pesquisa, formação de recursos humanos e estruturação de base de dados e de informações sobre a nossa Biodiversidade. O fomento à pesquisa em biodiversidade é, ainda, parte do compromisso do CNPq com a Estratégia e EPANB Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade -, que visa conservar a biodiversidade e usar sustentavelmente os componentes da biodiversidade.

 

Os livros

 

Com projeto gráfico assinado pela e-Magine Design Gráfico, desenvolvido por Mauro Rodrigues de Melo, e revisão de Maria Freire Alves, a Coleção Girinos do Brasil está disponível na versão on-line para todo o Brasil. A versão impressa será distribuída nas escolas de ensino fundamental e médio pelos pesquisadores do projeto, que também promoverão um bate-papo sobre os anuros brasileiros.

 

A coleção é composta dos seguintes títulos: De girino a adulto, muita história para contar; Salvando a pele: conhecendo os girinos do CerradoGirinos comilões: conhecendo os girinos do Pantanal e do ChacoGirinos de todo jeito: conhecendo os girinos da Mata AtlânticaHistórias de vida: conhecendo os girinos da Caatinga; e Diferentes formas de nascer: conhecendo os girinos da Amazônia.

 

Os autores sugerem que a leitura da série comece pelo título De girino a adulto, muita história para contar, que traz informações básicas sobre girinos e a explicação de alguns termos científicos que podem parecer estranhos. Também apresenta o projeto "SISBIOTA: Girinos do Brasil", realizado ao longo de mais de três anos (2011 a 2014), e que contou com uma equipe de 24 pesquisadores, mais de 40 alunos desde o nível de iniciação científica até doutorado, de 15 universidades de 10 estados brasileiros.

 

Os autores destacam a importância de dividir os conhecimentos com as crianças do Brasil, oferecendo informação de qualidade sobre os girinos, "bichinhos tão pouco conhecidos", e sobre os biomas brasileiros. "Muita gente saiu por esse Brasil à procura dos girinos nos mais variados ambientes, como poças, brejos e riachos. Tudo isto para conhecer e estudar girinos de cinco biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e mais o Chaco brasileiro", diz a seção "O projeto Girinos do Brasil".

 

"Foi só o começo", afirmam os pesquisadores. "Com tanta informação coletada, diversas perguntas já foram respondidas e muitas outras surgiram. Quem ganha com essas ações? Nós brasileiros, com o desenvolvimento do conhecimento científico, e também os girinos que se tornam cada vez mais conhecidos". Nesse título, também são explicitados os procedimentos metodológicos da pesquisa, as diferenças entre sapo, rã e perereca, a morfologia e metamorfose dos girinos, e, por último, a importância de conhecê-los para protegê-los.

 

"Nós tivemos a preocupação em fornecer um material de alta qualidade científica, com conceitos biológicos explicados em linguagem acessível, atraente, lúdica e interativa. Por isso, o capricho nas imagens, na diagramação e na arte dos livros, que captura a essência de cada bioma, tornando quase possível  sentir o calor da Caatinga, a escuridão da Floresta Amazônica, a umidade na cheia do Pantanal, o perfume e beleza das árvores floridas na estação chuvosa no Cerrado e a diversidade da Floresta Atlântica, pela sensibilidade artística do Mauro Rodrigues de Melo. Por isso também a inclusão de uma atividade prática ao final de cada livro", explica a pesquisadora.

 

Como exemplo, ela cita o volume Girinos de todo jeito, que traz uma "brincadeira" para identificação de girinos de três espécies, devendo o pequeno leitor associar os textos com características morfológicas com um conjunto de imagens dos girinos e do adulto dessas três espécies. No livro Diferentes formas de nascer: conhecendo os girinos da Amazônia, há imagens de adultos de seis espécies de anuros que o leitor deverá recortar e postar numa imagem de igarapé, nos respectivos sítios de desova, descritos ao lado das imagens de cada espécie. "Essa coleção mostra que é possível transmitir ao público infantil informação altamente especializada, de uma forma acessível e lúdica", acrescenta.

 

Os demais títulos têm roteiros semelhantes. Começam com a seção "Bichos, Conversas e Descobertas" que de cara procura envolver o leitor, seguida pela apresentação detalhada de cinco girinos do respectivo bioma. Mas cada livro traz uma particularidade. No livro da Mata Atlântica o leitor vai entender o trabalho de classificação de espécies; no da Amazônia as diferentes estratégias de reprodução dos anuros; no do Pantanal e Chaco como os girinos se alimentam.

 

O livro do Cerrado explora as diversas estratégias de defesa utilizadas pelos girinos para não se tornarem presas de vorazes predadores. No livro da Caatinga o leitor entende como animais tão dependentes da água sobrevivem num ambiente seco. Os livros se complementam e fornecem ao leitor uma perspectiva bem completa sobre o que é ser um girino e como estudá-los.

 

Os títulos e seus autores

 

De girino a adulto, muita história para contar - Denise de Cerqueira Rossa-Feres, Fausto Nomura, Michel Varajão Garey e Flávia Pereira Lima

 

Salvando a pele: conhecendo os girinos do Cerrado - Flávia Pereira Lima, Rogério Pereira Bastos, Denise de Cerqueira Rossa-Feres e Fausto Nomura

 

Girinos comilões: conhecendo os girinos do Pantanal e do Chaco - Flávia Pereira Lima, Fausto Nomura, Denise de Cerqueira Rossa-Feres e Franco Leandro de Souza

 

Girinos de todo jeito: conhecendo os girinos da Mata Atlântica - Flávia Pereira Lima, Michel Varajão Garey e Denise de Cerqueira Rossa-Feres

 

Histórias de vida: conhecendo os  girinos da CaatingaFlávia Pereira Lima, Domingos J. Rodrigues e Marcelo Menin

 

Diferentes formas de nascer: conhecendo  os girinos da AmazôniaFlávia Pereira Lima, Flora Acuña Juncá, Paulo Cascon, Mirco Solé, Luiz Norberto Weber e Gilda Vasconcellos de Andrade.

 

As Instituições

 

UNESP, USP, UFABC, UNIFESP, UFG, UFMA, UFAM, UFC, UESC, UEFS, UFMS, UFMT, UFBA, UFMG, UFPR, UFAL, UNILA

 

(CNPq)

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