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Jovem brasileiro tem interesse por temas de ciência e tecnologia, mas desconhece cientistas e instituições de pesquisa nacionais

 

Temas de ciência e tecnologia despertam grande interesse entre os jovens brasileiros, superando assuntos relacionados a esportes e comparável aos de religião. A maioria porém, incluindo os jovens de curso superior, não consegue citar o nome de uma instituição nacional de pesquisa nem de algum cientista brasileiro. A constatação é da pesquisa "O que os jovens brasileiros pensam da ciência e da tecnologia?", do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), divulgados dia 24 de junho na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

 

O INCT-CPCT é integrante do programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, coordenado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

Realizado pela primeira vez no Brasil, o estudo teve abrangência nacional e emprego da técnica de survey, para aplicação de questionário estruturado, presencial, junto a amostra da população brasileira de jovens entre 15 e 24 anos. A pesquisa quantitativa ouviu 2.206 pessoas e foi conduzida entre os dias 23 de março e 28 de abril deste ano. Ela envolveu também etapas cognitiva e qualitativa, para saber dos jovens suas opiniões e atitudes sobre ciência e tecnologia.

 

Os jovens que participaram do estudo manifestaram apoio e confiança na ciência e defenderam que se deve investir no setor. Segundo o estudo, os jovens possuem, em geral, uma imagem positiva da figura do cientista e, em sua maioria, acreditam que homens e mulheres têm a mesma capacidade para ser cientista e devem ter as mesmas oportunidades.

 

No momento em que movimentos antivacina ganham repercussão, 75% dos jovens defenderam que não é perigoso vacinar crianças. O estudo mensurou, pela primeira vez no Brasil, acesso ao conhecimento científico, desinformação e percepção sobre fake news. Além disso, buscou-se medir a influência das trajetórias de vida e do posicionamento moral e político dos jovens sobre as atitudes relacionadas à Ciência e Tecnologia.

 

"Apesar da grande importância de entender como os jovens interagem e se engajam em temas de ciência e tecnologia, ainda há poucos estudos nessa direção no Brasil", afirma Luisa Massarani, líder do INCT-CPCT e uma das coordenadoras do trabalho de pesquisa. "Nosso objetivo com este estudo, que inclui survey de caráter nacional, entrevistas e grupos de discussão, é justamente trazer luzes para esta questão, o que pode gerar subsídios para desenhar políticas públicas e iniciativas de divulgação científica destinada aos joven"s, completou a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).

 

O evento na Fiocruz contou com a presença de especialistas na área da percepção pública sobre ciência e tecnologia do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos. Além da apresentação dos resultados da survey, foram discutidas as contribuições mais recentes do campo e possibilidades de uso dos dados gerados.

 

Principais resultados - Resumo executivo da pesquisa

 

Para seleção dos entrevistados, foi utilizada amostra probabilística até o penúltimo estágio, com aplicação de cotas amostrais de sexo, idade e escolaridade no último estágio. O intervalo de confiança é de 95 por cento. As entrevistas, realizadas por equipe treinada, foram feitas em domicílio entre os meses de março e abril de 2019.

 

Dentre os resultados, é possível destacar:

 

- A maioria dos jovens brasileiros manifesta grande interesse para temas de ciência e tecnologia, tanto as mulheres quanto os homens, e em quase todos os grupos sociais; o interesse por Ciência e Tecnologia, em geral, é maior que o por esportes, e comparável com o interesse por religião. 

- Os jovens possuem, em geral, uma imagem positiva da figura do cientista e, em sua maioria, acreditam que homens e mulheres têm a mesma capacidade para ser cientista, e devem ter as mesmas oportunidades; 

- Entretanto, a maioria dos jovens, até mesmo os que estão frequentando cursos superiores, não consegue mencionar o nome de sequer uma instituição brasileira que faça pesquisa, nem de algum(a) cientista brasileiro(a) 

- Os jovens manifestam dúvidas também sobre controvérsias sociais e políticas que atravessam a ciência, hoje: 25 por cento acreditam que vacinar as crianças pode ser perigoso; 54 por cento concordam que os cientistas possam estar "exagerando" sobre os efeitos das mudanças climáticas; 40 por cento dos jovens dizem não concordar com a afirmação de que os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e descendem de outros animais.

 

Entrevistas e Grupos de discussão

 

Além da realização da survey, foram conduzidos grupos de discussão e entrevistas com jovens entre 18 e 24 anos, residentes nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Belém (PA). A técnica de grupos de discussão foi selecionada para o estudo por permitir captar não apenas o que as pessoas pensam e expressam, mas também como elas pensam e o porquê. Um dos aspectos analisados foi a forma como os jovens lidam com as fake news, ou notícias falsas, em especial aquelas relacionadas à ciência e tecnologia.

 

Dentre os resultados, é possível destacar:

 

- O estudo sinaliza uma mudança no ecossistema de informações. A informação deixa de ser "buscada" e passa a ser "encontrada"; os jovens passam a "tropeçar" em vários conteúdos e a Ciência e Tecnologia está inserida em tal cenário. 

- Os jovens reclamam da dificuldade em identificar a veracidade das informações que circulam tanto na grande mídia como na internet. Relatam angústia e insegurança em relação ao que acontece no mundo: é cada vez mais difícil identificar o que é verdadeiro.

- Não surpreendentemente, nossos dados mostram que a percepção de receber possíveis notícias falsas em Ciência e Tecnologia é maior entre jovens mais engajados politicamente, de maior escolaridade, e que consomem mais frequentemente informação científica. 

- A confiança em conseguir identificar notícias falsas depende fortemente do grau de consumo de informação científica e dos hábitos culturais (visitação a museus, participação em eventos etc.).

 

O estudo contou com apoio do CNPq, da Faperj e da Fapemig.

 

(FIOCRUZ/Casa de Oswaldo Cruz)

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