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Projeto da UFCG difunde o uso da energia solar na produção de alimentos

 

  • Publicado: Quarta, 28 de Agosto de 2019, 07h15

Um projeto de extensão desenvolvido no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Sumé, vem difundindo uma tecnologia social junto à comunidade local para o aproveitamento do Sol como alternativa na produção de alimentos.

 

O projeto, coordenado pela professora Glauciane Coelho, tem por objetivo divulgar as tecnologias sociais do secador solar (ou desidratador solar) e do forno solar entre os agricultores da região do Cariri paraibano. A ideia inicial era aplicar o projeto só com os agricultores de Sumé, mas, outras cidades no entorno a exemplo de Camalaú e São Sebastião do Umbuzeiro já estão sendo definidas como possibilidade de expansão do projeto.

 

Os experimentos estão sendo demonstrados nas feiras públicas, em eventos técnico-científicos que estão acontecendo em Sumé e nas comunidades da cidade. “Fizemos apresentação e demonstração do forno e do secador solar na feira agroecológica que funciona na feira municipal de Sumé, na comunidade Jurema (mesmo município) e ainda no evento de comemoração do Dia do Agricultor e da Cavalgada do Agricultor e ainda participação na ExpoCaatinga", disse a professora.

 

“Difundir o uso desse tipo de tecnologia é válido por vários motivos: primeiramente, em alguns testes que temos feito, verificamos que, especialmente na região de Sumé, a eficiência da desidratação dos produtos é bem maior do que o mesmo teste realizado em outros locais na Paraíba. Aqui, temos o fator sol aliado à baixa umidade, assim, podemos usar as condições climáticas em favor das pessoas que vivem nessa região, visando à melhoria da qualidade de vida delas”, destacou Glauciane.

 

Outro fator importante sobre o forno e o secador solar, segundo a professora, é que, com o uso habitual dessas tecnologias, os agricultores deixariam de usar a lenha e assim, contribuiriam para uma melhor qualidade ambiental, já que não seriam emitidos gases para a atmosfera, além da redução do uso do gás de cozinha. “Não ter gasto com botijão de gás é um dos pontos motivadores nesse trabalho e também pensando no lado econômico, os equipamentos podem ser produzidos com material reciclável”, ressaltou.

 

“Sobre a qualidade dos alimentos, a temperatura de cozimento, principalmente no fogão a lenha, é muito alta, então algumas propriedades dos alimentos são perdidas, mas quando eles são cozidos na temperatura que o forno alcança vários nutrientes são preservados, já que é mais amena e isso é uma vantagem na utilização dessas tecnologias que estamos trabalhando”, enfatizou Glauciane.

 

Geração de renda

 

Para a professora, o uso do secador ou desidratador solar é também uma alternativa de geração de trabalho e renda, pois com a desidratação, por exemplo, de coentro e salsa (usados como condimentos) surge um novo produto com mais valor agregado. “Fizemos experimentos nesse sentido e pensamos que oferecer um novo produto nessa região pode facilitar a vida de quem compra e melhorar a renda de quem produz, dessa forma, o pequeno agricultor que comercializa seus produtos e que tem uma sobra de produção, poderia fazer a desidratação esse material e gerando um novo produto”, observou.

 

De acordo com a professora, frutas e legumes desidratados como cebolas, bananas, maçãs, abacaxis, tomates secos, e até farinha de peixe feita a partir do aproveitamento de carcaça após a retirada do filé são alguns exemplos do que pode ser produzido com o secador solar. Com o forno solar podem ser feitos bolos, cozimento de arroz, fritura de ovos, dentre outros alimentos.

 

“Em visitas aos agricultores da Feira Agroecológica, perguntei várias vezes quando sobram frutas e hortaliças o que eles faziam e a resposta é que davam para os animais. Com o uso do secador solar os produtos agrícolas alcançariam um novo valor de mercado e um outro público. Os produtos desidratados tem uma maior durabilidade, como exemplo, temos no nosso laboratório uma cebola que passou pelo processo de secagem que está guardada aproximadamente há um ano, sem perder a qualidade, e foi a partir de trabalho de pesquisa com a cebola que vimos que seria muito interessante divulgar para o público, especialmente para os agricultores familiares da região”, finalizou.

 

“Produzir alimento utilizando um recurso natural como fonte de calor está sendo uma experiência nova. Aqui onde estamos aplicando o projeto, a população ainda encara o sol como algo ruim utiliza. Algumas pessoas que viram o experimento falaram que não comeriam o alimento que sai do forno e secador solar, porque tinham medo de morrer,” disse a estudante Débora Santos. “Ainda há a desconfiança sobre essa tecnologia pela população do Cariri e isso é uma barreira a ser quebrada. Temos que fazer demonstrações consumindo o alimento, mostrando que não faz mal comê-los”.

 

“Esse projeto está sendo uma experiência muito valiosa para nosso conhecimento enquanto alunos e onde estamos apresentando o projeto, a aceitação está sendo boa”, falou o estudante Eliel Barbosa. Ele destacou a importância do uso do secador solar para um melhor aproveitamento da produção dos agricultores da região do Cariri, e contribuir com a diversificação de renda. “No manuseio do tomate durante a colheita, por exemplo, quando este fruto cai no chão e fica com uma parte amassada, acaba não indo para o mercado”, disse Eliel. “Podemos, no manejo, retirar a parte machucada e submeter o restante ao processo de secagem, agregando valor ao produto. Após a secagem, os alimentos terão uma durabilidade maior desde que não recebam umidade. Podem ser transformados em farinhas para uso em sopas ou chás”, concluiu o estudante.

 

(Ascom CDSA/UFCG)

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