Pesquisa da UFCG alerta para colapso do sistema de saúde caso não haja lockdown

Considerando que o Brasil tem cerca de 33 mil leitos de UTI, um estudo realizado na Unidade Acadêmica de Física da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) alerta para um possível colapso no sistema de saúde do Brasil se nenhuma medida de lockdown for tomada nas próximas semanas.

A pesquisa, de autoria dos professores João Rafael, Marcos Anacleto, Eduardo Passos, Francisco de Assis de Brito e Amílcar Queiroz, foi publicada na plataforma ArXiv, da Universidade de Cornell, dos EUA.

"Por meio de uma equação de difusão modificada, somos capazes de mapear a influência de fatores na propagação da Covid-19, como o tempo de quarentena, estratégias dos países para mitigar a pandemia e a taxa de transmissão do vírus", esclarece João Rafael.

De acordo com o pesquisador, o modelo, que foi capaz de mapear com boa precisão as curvas de casos ativos de Covid-19 da Alemanha e da Espanha, projeta quatro cenários para o avanço da pandemia no Brasil, com base em 30 e 90 dias de lockdown. Foram analisados os dados coletados até o dia 2 de maio.

No melhor dos cenários, o pico de casos ativos (total de casos, menos o total de mortes e o de recuperados) é de aproximadamente 153 mil casos, no dia 21 de maio, com lockdown de 90 dias. No pior, 329 mil casos ativos, no dia 30 de maio, com lockdown de 30 dias. Neste dia 11 de maio, já foram registrados 86.619 casos ativos.

Ressalvas

Os pesquisadores ressalvam que, embora as curvas pareçam estar de acordo com os dados de casos ativos até agora, a análise dos dados do Brasil apresentam um alto grau de incerteza, devido à grande possibilidade de subnotificação.

Até 2 de maio, o Brasil havia registrado um total de 97.100 casos, figurando como o nono país no ranking mundial da pandemia. No entanto, até aquela data, havia realizado apenas 339.552 testes do Covid-19, representando uma taxa de 1.597 testes por milhão de pessoas. Só para comparar, a taxa de Portugal é de quase 28 mil testes por milhão.

Veja aqui o estudo.

(Ascom UFCG)