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Genocídio cultural e destruição ambiental foram abordados no Congresso Internacional Mundos Indígenas

Evento promovido pela UFCG e outras instituições foi realizado semana passada. Conferencista relatou violência cometida contra milhares de crianças indígenas no Canadá e EUA

  • Publicado: Quarta, 10 de Novembro de 2021, 10h43

Promovido pelas universidades Federal de Campina Grande (UFCG), Nova de Lisboa, de Portugal, em colaboração com as universidades Sorbonne, da França, e Pablo de Olavide, da Espanha, foi encerrado no último dia 5 o Congresso Internacional Mundos Indígenas (COIMI), evento criado em 2015 com o objetivo de promover a realização de pesquisas sobre os povos tradicionais do século XVI até a atualidade, bem como divulgar as ações em prol da memória, patrimônio cultural, ambiental, história, educação e direitos indígenas em âmbito internacional.

 

Genocídio cultural

 

A edição 2021, realizada de forma online, contou com a realização de mesas redondas, minicursos, eventos culturais, lançamentos de livros e diversas conferências. O destaque foi a conferência/denúncia da juíza tribal Patrícia Chistine, esquimó do Alasca, que falou das marcas dolorosas e violações que sua mãe e tios sofreram devido à política de genocídio cultural levada a efeito em escolas no Canadá e nos EUA.

 

"Essa é uma tenebrosa história que está vindo à tona a partir da denúncia dos sobreviventes, visto que essas escolas existiram até o ano de 1993", afirma a jornalista Elaine Tavares, autora de um estudo sobre o tema.

 

As chamadas “escolas residenciais” foram criadas no Séc XIX com o objetivo de "reeducar" os indígenas. Financiadas pelo governo do Canadá, as igrejas realizavam uma sistemática ação de destruição da cultura indígena, através da evangelização. "O que era para ser um processo de inclusão dos povos originários à vida do país, acabou sendo um circo de horrores", adianta a autora.

 

As escolas funcionavam em regime de internato. Segundo a lei, os pais que se recusassem a mandar os filhos eram punidos criminalmente. Como resultado, mais de 150 mil crianças foram praticamente sequestradas, separadas de seus pais e internadas nas escolas que eram mantidas pelas igrejas Anglicana, Católica, Presbiteriana e Metodista.

 

Segundo a autora, não era permitido falar o idioma indígena e todos os costumes autóctones eram negados. "Diziam às crianças que elas eram do diabo. O objetivo era eliminar o contato com a família e apagar o passado cultural. Muitas das crianças eram submetidas a violências de toda a ordem, inclusive sexuais". A comissão que hoje trabalha para trazer à luz todos esses crimes já documentou 3.200 mortes de crianças nessas escolas, decorrentes de maus tratos, abandono e suicídio.

 

Destruição ambiental

 

"A violência contra a cultura e os direitos indígenas, infelizmente, prossegue até os dias atuais aqui no Brasil", lamenta a professora Juciene Ricarte Apolinário, da Unidade Acadêmica de História da UFCG e uma das coordenadoras do evento. De acordo com a pesquisadora, houve um aumento, nos últimos anos, das expropriações de terras indígenas, forjadas na invasão, na grilagem e no loteamento, causando uma destruição ambiental inestimável.

 

"As terras indígenas são, comprovadamente, as áreas que mais protegem as matas e os seus ricos ecossistemas. Historicamente, a presença dos povos dentro de seus territórios faz com que eles funcionem como verdadeiras barreiras ao avanço do desmatamento e de outros processos de espoliação. Infelizmente, as violências praticadas contra os povos indígenas fundamentam-se em um projeto de governo que pretende disponibilizar suas terras e os bens comuns nelas contidos aos empresários do agronegócio, da mineração e das madeireiras, dentre outros", afirmou.

 

O evento

 

O COIMI é fruto do Termo Aditivo de Coorperação Internacional firmado entre o Programa de Pós-Graduação em História da UFCG e a Universidade Nova de Lisboa, com a colaboração da Universidade Pablo OLavide, da Espanha e da Universidade Sorbonne, da França. A cada ano vem agregando diferentes pesquisadores interdisciplinares e interculturais e decoloniais indígenas e não-indígenas que trabalham com a história, memória, meio ambiente, direito, educação, procurando soluções e enfrentamentos das violações de direitos dos povos originários no Brasil e em todo continente americano.

 

(Ascom UFCG)

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