Cientistas paraibanos e paulistas propõem modelos de gestão dos rios Paraíba e Tietê
Projeto reúne instituições da Paraíba e de São Paulo. Livros e manuais podem ser baixados gratuitamente
Cientistas paraibanos e paulistas estão reunidos em um projeto de pesquisa interinstitucional que analisa a escassez hídrica nas bacias do Rio Paraíba, na Paraíba, e do Alto Tietê, em São Paulo. Os estudos, iniciados em 2022, já resultaram na produção de diversos materiais, como planos, dissertações, livros e manuais, que permitem transformar temas socioambientais complexos em planos concretos e objetivos voltados à ação política.
Um dos produtos é a coleção Agenda Política Pública (APP), série composta por 12 volumes, de download gratuito, que reúne diretrizes e planos de governança da água.
"Cada agenda trata de um tema específico relacionado às bacias hidrográficas e às mudanças climáticas. Temos análise dos planos de bacia, o que precisa mudar, soluções baseadas na natureza, a questão do uso e da importância do reuso da água e a valorização do uso da água da chuva", observa o professor José Irivaldo, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que coordena o projeto na Paraíba.
De acordo com o pesquisador, além da Agenda Política Pública, o projeto, intitulado Segurança Hídrica (SegHid), também desenvolveu uma plataforma virtual de capacitação, um manual do curso Gestão Hídrica no Contexto das Mudanças Climáticas, direcionado a gestores públicos, realiza a produção de vídeos sobre a Bacia do Rio Paraíba e elabora o Plano de Gestão do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba.
"Também destaco a publicação do livro Encontro das Águas: Navegando pelo Médio Paraíba (PB) e Alto Tietê (SP), voltado à comunidade escolar e que visa contribuir tanto com os olhares para a Bacia do Rio Paraíba, a partir da transposição e da perenização do Rio Paraíba, como também em relação à Bacia do Alto Tietê, que sofre pressão em virtude da urbanização", disse.
A obra, fruto da parceria com o Instituto Alana, trata de temas que vão das memórias, culturas e saberes populares à educação ambiental, sustentabilidade e formação para o futuro. Também explora conceitos como racismo ambiental, justiça hídrica, comunidades ribeirinhas e ancestralidade. "O texto utiliza uma linguagem acessível, sem recorrer a clichês", observa Irivaldo.
Com a divulgação o livro, a professora Ângela Ramalho, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que integra a equipe, espera que "haja um impacto social muito significativo ao trazer uma contribuição para todos aqueles atores sociais que participaram da pesquisa, nas associações, no campo, nas cooperativas e entre os representantes que fazem parte dos comitês de bacia nos dois territórios estudados".
Para o professor Pedro Jacobi, da Universidade de São Paulo (USP), coordenador da rede de pesquisa, a articulação entre estados e instituições não apenas amplia o conhecimento sobre a governança da água, "mas promove o intercâmbio de experiências e práticas que poderão ser aplicadas em diferentes contextos, contribuindo para o fortalecimento das políticas públicas de segurança hídrica", destacou.
O projeto
O projeto Segurança Hídrica (SegHid) foi criado a partir de uma chamada pública promovida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com o objetivo de financiar pesquisas colaborativas entre pesquisadores de instituições de ensino superior da Paraíba e de São Paulo.
O grupo paraibano é formado por cientistas da UFCG, da UEPB, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), enquanto que a equipe de São Paulo reúne pesquisadores da USP, da Universidade Federal do ABC (UFABC), da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e do Instituto Alana. Estudantes de graduação e pós-graduação das instituições envolvidas também participam do projeto.
(Ascom UFCG, com dados do SegHid)
Redes Sociais