Invenção de cientistas da UFCG e UFPB pode baratear painéis solares térmicos
Tecnologia proporciona aumento significativo da absorção da radiação solar com aplicação de mineral abundante no Nordeste
Cientistas da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram uma tecnologia que promete ampliar o acesso à energia térmica solar, aumentando a eficiência das placas absorvedoras e barateando os custos de produção dos coletores solares térmicos.
A energia solar térmica utiliza o calor do sol para aquecer um meio fluido (geralmente água), que é aproveitada em chuveiros, torneiras, piscinas ou processos industriais.
A tecnologia, elaborada pelos pesquisadores Gustavo Pamplona, Wanderley Ferreira e Raimundo Calazans, da UFCG, e Kelly Gomes, da UFPB, já foi registrada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e consiste em uma superfície de absorção seletiva de radiação solar à base do mineral ilmenita, que é um óxido natural de ferro e titânio.
De acordo com o pesquisador Gustavo Pamplona, a inovação possibilita um aumento significativo da absorção da radiação solar, aliado a uma baixa emissão térmica, característica essencial para a eficiência dos coletores, permitindo a redução de custos e a ampliação do acesso à energia solar térmica.
“Diferentemente das superfícies seletivas comerciais convencionais, que utilizam titânio metálico com processamento de alto custo, a solução por nós desenvolvida faz uso de um minério abundante no Brasil e com menor complexidade de processamento, o que pode refletir em uma diminuição significativa no custo final dos coletores solares”, observou Pamplona.
Segundo Kelly Gomes, a tecnologia desenvolvida nas instituições paraibanas também tem o potencial de fortalecer a cadeia produtiva nacional, uma vez que se baseia em recursos minerais disponíveis no território brasileiro e em processos desenvolvidos no ambiente acadêmico. "A ilmenita é um ativo estratégico para o Nordeste, especialmente para aplicações tecnológicas”, afirmou.
Dados do Anuário Mineral Brasileiro 2023 indicam que o Brasil possui reservas de titânio, principalmente ilmenita e rutilo, na ordem de 10,4 milhões de toneladas, distribuídas principalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraíba (destaque nacional). Neste último, o município de Mataraca concentra os depósitos mais relevantes, tanto em reservas quanto em produção.
(Ascom UFCG, com dados da Ascom UFPB)
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