HUAC faz primeira cirurgia de reconstrução de mama com prótese em vítima de câncer
Procedimento inédito no hospital foi realizado pelo SUS. Outras seis pacientes estão na fila para serem beneficiadas com a mesma cirurgia
O Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), vinculado à Rede Ebserh, realizou um feito até então inédito na instituição: uma cirurgia de reconstrução de mama com prótese em paciente vítima de câncer. O procedimento ocorreu na semana passada e outras seis pacientes estão aguardando a mesma cirurgia, que é autorizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A professora Joana Darc Amorim, 48 anos, foi a paciente beneficiada pela primeira cirurgia de reconstrução de mama com prótese no HUAC. Ela mora no município de Livramento, na região do Cariri, e esteve nessa quinta-feira, 30, no hospital, para a primeira consulta de retorno após o procedimento cirúrgico realizado no dia 21 de maio. Foi feita a remoção do sistema de drenos e a recuperação está evoluindo bem.
“Eu não pensei que até a cirurgia ia ser tão rápido. No dia da cirurgia, as pessoas comentavam: - É você que vai fazer a reconstrução? Que coisa boa! E eu sem entender, até que chegou uma médica e falou: - Você foi privilegiada! Você foi a primeira paciente a colocar prótese no HU! Eu não sabia. Agora, a única coisa que vou fazer é a radioterapia. Vou vencer essa outra etapa, se Deus quiser, e depois também vou fazer a cirurgia da mama direita”, afirmou Joana Darc Amorim, lembrando que seu nome é em homenagem à santa guerreira.
Atualmente, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente na população feminina, ficando atrás apenas do câncer de pele. “Centenas de pacientes são operadas todos os anos em função do câncer de mama, não só em Campina Grande, mas em todas as regiões do País. Ter a oportunidade de fazer a reconstrução mamária pelo SUS, aqui no Hospital Universitário, seja imediata ou tardia, é um benefício muito grande”, declarou o superintendente do HUAC, Homero Rodrigues.
Entre julho de 2018 e abril de 2019, a instituição conseguiu realizar todo o processo burocrático, envolvendo licitação e pregão, para aquisição das próteses até que a primeira cirurgia pudesse ocorrer. Podem ter acesso ao procedimento tanto usuárias do SUS que já foram mastectomizadas (retirada completa da mama), como as pacientes que dão entrada no HUAC com necessidade de mastectomia ou remoção parcial da mama.
“Estamos com próteses mamárias à disposição, equipe médica à disposição e a instituição decidiu dar esse passo, aumentando o grau de complexidade das cirurgias realizadas aqui, que é um hospital terciário, hospital que tem residentes e que tem um histórico de formação médica de longa data. É importante que isso aconteça”, afirmou o cirurgião plástico do HUAC, Allysson Antônio Ribeiro Gomes, um dos contratados pelo HUAC via concurso público realizado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) em 2016.
Com 12 anos de dedicação exclusiva como cirurgião plástico, o especialista também destacou a importância para o profissional de saúde desse tipo de serviço estar disponível em um hospital do SUS. Atualmente, muitas pacientes não têm acesso a cirurgias particulares ou a cirurgias por convênios, e o Hospital Universitário propicia ao cirurgião realizar um trabalho que, muitas vezes, fora da instituição, ele não conseguiria.
“É um trabalho que exige muita dedicação, um trabalho que poucos cirurgiões plásticos têm até interesse de realizar, por serem cirurgias que demandam várias etapas. Então, esses pacientes devem ser operados em instituições que têm a vocação de formação, de educação mesmo. Os médicos que saem daqui do HUAC têm a oportunidade de experimentar desde a cirurgia de retirada de um sinalzinho até a reconstrução de mama”, ressaltou Allysson Ribeiro Gomes.
Benefícios para a autoestima das pacientes
A cirurgia para reconstrução de mama tem um grande impacto na autoestima das pacientes, pois além do benefício psicológico, existe a recuperação do contorno corporal como um todo, conforme explica o cirurgião plástico Allysson Ribeiro Gomes. “A estética em si é um ponto que está atrelado à reconstrução mamária, pois não existe para o cirurgião plástico uma distinção entre o que é reconstrutivo e o que é estético. Toda cirurgia plástica vai reconstruir, devolvendo o aspecto estético adequado ao contorno corporal. Quando se fala em reconstrução de mama, falamos de reconstrução anatômica e estética”, esclareceu.
Natural de Patos, no Sertão paraibano, Maria de Lourdes Soares da Silva, 40 anos, será beneficiada em breve pela cirurgia de reconstrução mamária com prótese. “Estou muito satisfeita. Ajuda muito na autoestima da gente”, disse. Ela afirmou que existe um preconceito em relação a pacientes que retiraram a mama, como se fossem menos mulher. “Sinto isso. Até para a pessoa se trocar no meio de outras pessoas, a gente não se sente à vontade. Tem gente que olha de maneira diferente”, declarou, já feliz com a possibilidade de passar pela cirurgia.
No HUAC, as pacientes também podem ser submetidas a uma cirurgia que os especialistas chamam de simetrização, que é o procedimento que a paciente Joana Darc Amorim deve fazer futuramente. Se a mama contralateral, por exemplo, é muito grande, pesada e proporciona desconforto ao paciente, os cirurgiões já planejam uma mama menor, havendo a possibilidade do paciente, em uma etapa posterior, ter semelhança entre as mamas. Do mesmo modo, é possível fazer a ampliação da mama contralateral, sempre visando a um menor grau de distorção da anatomia corporal.
(Ascom HUAC/UFCG)
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