As associações estudantis nos dias atuais
No Brasil, quando falamos em associação de estudantes, nossa memória logo nos remete à UNE (União Nacional dos Estudantes). É interessante saber, no entanto, que esta não é a única associação estudantil em funcionamento no país e também conhecer um pouco mais sobre o papel que tais organizações podem desempenhar.
Uma associação de estudantes é uma estrutura criada no intuito de representar os estudantes de um determinado núcleo, seja ele uma escola, universidade, ou até mesmo um curso de graduação. As associações são criadas conforme a legislação e costumam ter um órgão deliberativo (Assembleia Geral), um Conselho Fiscal e uma direção, que fica a frente do comando diário da associação de estudantes.
Origem das associações de estudantes no Brasil
Ainda durante o período imperial, muitos jovens da elite brasileira que foram estudar em universidades europeias, ao regressar para o Brasil e começaram a articular pequenos movimentos locais de estudantes. Ainda sem qualquer organização, foi apenas no começo do século XX que o movimento estudantil brasileiro teve seu início, mas de maneira ainda muito dispersa.
O debate no meio acadêmico sempre carregou uma riqueza de pensamentos e argumentos como talvez em nenhum outro. Esse ambiente, que propicia a pluralidade de ideias e visões acerca de um mesmo problema, só ganhou maior expressividade a partir da fundação da União Nacional dos Estudantes, no ano de 1937, durante o período conhecido como Estado Novo.
Expansão dos movimentos estudantis
As pequenas associações estudantis ainda eram escassas no país, mas já existiam os diretórios e centros acadêmicos dentro dos principais cursos de graduação, nas maiores universidades. Estes pequenos grupos, aos poucos, foram se aliando à UNE para criar um movimento estudantil mais articulado.
Seu auge veio durante o período da ditadura militar, quando recebeu uma visibilidade tão grande, que culminou na invasão e incêndio de sua sede, no Rio de Janeiro. A partir daí, a mobilização dos estudantes era tanta que a criação de associações estudantis foi proibida pelos militares.
O processo de redemocratização brasileira, durante a década de 80, foi um exemplo do poder da atuação estudantil, o que se manteve até o movimento dos “cara pintada” durante o processo de impeachment do Presidente Collor.
O papel das associações de estudantes hoje
Uma associação de estudantes é, por natureza, um ambiente politizado já que busca representar os interesses de uma categoria de jovens inseridos em um ambiente que fomenta o debate.
No entanto, nos últimos anos, a existência de uma associação de estudantes tem sido vinculada aos partidos políticos de esquerda, o que trouxe um afastamento de uma parcela de estudantes que não concorda com tais ideias.
É importante destacar que uma associação de estudantes é muito mais do que um aglomerado de jovens com o intuito de debater uma ideia. Há um caráter de defesa dos interesses e direitos que é fundamental dentro de um Estado Democrático de Direito.
Hoje, encontramos a representatividade dos estudantes em:
Centros Acadêmicos (espalhados pelas universidades)
Diretórios Acadêmicos (espalhados pelas universidades)
Associações Estaduais
União Nacional dos Estudantes
A UNE
A maior associação de estudantes em vigor no Brasil, sem dúvida, ainda é a UNE. Ela possui uma atuação em diversas frentes, como:
Educação;
Política;
Juventude;
Diversidade;
Movimento Social;
Questão Urbana e Internacional;
Meio Ambiente; e
Cultura.
A UNE presta um apoio aos estudantes que tenham interesse em fundar sua associação e oferece uma explicação com passo a passo para auxiliar nesse processo de criação. Além de reunir uma grande parte da memória do movimento estudantil brasileiro, a união nacional ainda presta auxílio e é um espaço para os pequenos centros estudantis terem voz.
Um outro papel importante que possui é de trazer visibilidade para questões locais, que acontecem em universidades menores, e garantir uma maior exposição perante o cenário nacional. Isso é especialmente importante em um país como o Brasil, em que há uma má distribuição no acesso ao ensino superior.
Independente das questões políticas, uma associação de estudantes é o caminho para garantir a manutenção dos seus direitos como estudante, inclusive aqueles já garantidos pela legislação atual, como a meia entrada e o passe livre estudantil.
(Universia)
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